BEM VINDO À QUINTA DO CAMPO!
Quando a prenda é fracota, talvez um embrulho vistoso a faça mais atraente. A forma como esta planta resolveu apregoar as suas flores mostra que tal estratégia vale também no reino vegetal. A inflorescência é essa «pinha» de um verde azulado salpicada com fiapos amarelos; mas o embrulho, formado por folhas modificadas (brácteas) tingidas com as cores do pôr-do-sol, é chamariz de longo alcance.
A inflorescência da foto é feminina, daí se deduzindo que a própria planta é feminina; o pólen para a fecundar terá que vir das flores de uma planta masculina, pois a Leucadendron salignum é uma planta dióica, como aliás o são todas as suas congéneres (de que há cerca de oito dezenas). Mas, como no canteiro do Botânico de Coimbra onde ela mora não parece haver outra igual, seja ela menino ou menina, ainda há-de morrer virgem - embora nunca desista de se embonecar.
Os géneros Leucadendron, Protea e Leucospermum, todos eles sul-africanos e integrando a família Proteaceae, são casos de sucesso global em jardinagem. Mais delicados e de cultivo mais exigente do que os seus primos australianos (géneros Hakea, Grevillea e Banksia), têm sabido comportar-se nos países de acolhimento, não se lhes conhecendo tendências invasoras. No caso do Leucadendron, além de a produção de sementes depender da presença lado a lado de plantas dos dois sexos, elas têm relutância em germinar: no habitat natural da planta, só costumam fazê-lo após algum incêndio.
Há muitos cultivares ornamentais do género Leucadendron, e por isso a identificação da planta na foto não é segura: tem semelhanças com o «safari sunset», nome que alguém com jeito para estas coisas deu a certo híbrido entre o L. salignum e o L. laureolum.
In: dias-com-arvores.blogspot.pt/